sexta-feira, julho 18, 2008

Carlos Queiroz



A vinda de Queiroz para a Selecção Nacional deve deixar apreensivo quem quer que tenha um pouco de memória. Por qualquer razão, é considerado um "grande treinador", um autêntico génio, mas os resultados estão longe de ser satisfatórios.

Recordemos sucintamente a sua carreira: treinador dos Sub-20, com os quais ganhou dos títulos mundiais; seleccionador nacional, sem ir a qualquer prova; treinador do Sporting, ganhando uma Taça de Portugal; passagens por clubes japoneses, americanos, árabes, pela Selecção da África do Sul, pelo Real Madrid e como adjunto de Alex Fergusson no Manchester United. Nestes últimos vinte anos, ganhou os tais títulos com os sub-20, uma Taça de Portugal e levou a África do Sul a um Mundial. Apenas isso. No Sporting, onde esteve dois anos depois de substituir Bobby Robson, treinou jogadores como Figo, Paulo Sousa, Balakov ou Pedro Barbosa, e teve alguns resultados decepcionantes, como a famosa derrota por 6-3 frente ao Benfica de João Pinto. No Real Madrid acabou a época em 4º, apesar de ter à sua disposição algumas das maiores estrelas mundiais. É estranho como um técnico com tão pouco para mostrar é tão badalado.

Parece-me que Queiroz é um bom teórico, um razoável estratega, com bons conhecimentos futebolísticos, mas que falha na transmissão das suas ideias e na galvanização dos seus jogadores. Sem estas características não se ganham jogos. Aparentemente, os júniores compreendem-no melhor que os seniores, o que demonstrará que o crescimento de um jogador nem sempre é directamente proporcional ao da sua sua cultura táctica. Mas as diferenças podem ser vistas se comparado com antecessores como o citado Robson, ou Vicente del Bosque. Entre os professores da sua matéria, Queiroz é um investigador que se sente bem entre tácticas e cálculos matemáticos do que no meio da refrega campal. Fergusson teve dificuldade em dispensá-lo por isso, e talvez pelo seu ar calmo, fleumático e compenetrado. é talvez o melhor adjunto do Mundo, mas como homem do leme deixa muitíssimo a desejar.

É por isso que espero estar enganado quando penso que os tempos do "Sargentão" Scolari vão ser recordados com muita saudade.

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