sábado, maio 28, 2011

Não culpem o dia


Creio que nunca tinha havido um caso tão grave no Dia da Defesa Nacional como o que aconteceu há dias à rapariga que morreu de uma queda quando fazia slide. Pelo menos é o que asseguram os responsáveis das forças Armadas que, diga-se em abono da verdade, não perderam tempo a ordenar um inquérito imediato do sucedido. Aproveitando o drama do Quartel da Serra do Pilar, alguns "pacifistas" já vieram exigir o fim do Dia da Defesa Nacional (instituído no seguimento do fim do serviço militar obrigatório, e a que todos os jovens têm de comparecer no ano em que chegam à maioridade). Não estão sós: alguns periódicos, como o Público, seguem a mesma ideia, como se pode comprovar na coluna da última página de Sábado deste jornal, que considera que a tragédia "vem dar razão aos que querem acabar com essa absurda obrigatoriedade".


Absurda, pergunto eu? Talvez para os que julguem que o mundo é um lugar muito pacífico, que basta não haver forças armadas e nada, em tempo algum, nos poderá acontecer, que são "práticas medievais", etc. Acontece que apesar de há quase dois séculos não sofrermos nenhuma invasão, não fazemos ideia do que o futuro nos reserva. Podiam também recordar que temos uma grande Zona Económica Exclusiva, que convém vigiar, que não raras vezes a nossa força aérea precisa de ir buscar cidadãos portugueses em apuros, como aconteceu recentemente na Líbia, que fazemos parte de organizações e que temos obrigações a cumprir em intervenções externas, etc. (talvez este último ponto não seja grande argumento perante quem grafite e grite "Portugal fora da NATO!"). em suma, as forças armadas são necessárias e são um dos pilares de um país. não havendo serviço militar obrigatório, entende-se perfeitamente a necessidade de uma jornada semelhante. Não fosse isso, e as novas gerações nem saberiam que temos umas forças armadas.


Para além do mais, os desportos mais radicais, como o que vitimou a infeliz rapariga, nem são obrigatórios. Não houve qualquer ordem no sentido de deslizarem num cordame de aço nos pátios do histórico quartel de Gaia. Por isso, os opositores ou cépticos do Dia da Defesa Nacional gastariam menos esforços se não usassem jargões pouco convincentes (e já agora, se não usassem a torpeza de utilizar dramas para os seus objectivos ideológicos) e se cingissem às verdadeiras causas dos acidentes que merecem um tratamento o mais rigorosos possível, o apuramento de responsabilidades e a certeza de que não voltarão a repetir-se. Tudo resto é conversa fiada de gentinha irresponsável.

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