quinta-feira, outubro 27, 2011

Uma sobreposição de acontecimentos simbólica




Depois de cinquenta anos de malfeitorias, assassínios, raptos, extorsões através de "taxas revolucionárias" dignas da Cosa Nostra e outras ameaças, a famigerada Euskadi Ta Askatasuna renunciou à luta armada. Parece ser um momento histórico, mas será bom desconfiar, não só porque os terroristas bascos não são de confiança, mas também porque mesmo que a declaração das cúpulas seja sincera, poderão sempre subsistir alguns grupúsculos violentos, como aconteceu com o IRA, isso para não falar da marginal Kalle Borroka. Mas não deixa de ser curioso o timing em que a ETA anunciou a renúncia à luta armada: no dia a seguir à morte de um seu antigo admirador e patrocinador (sim, Kadhafi, o próprio, que apoiou os nacionalistas bascos e tudo quanto era organização terrorista). Coincidência? Provavelmente não, porque a organização já estava enfraquecida e debilitada, e já teria decidido o novo rumo em Julho. Mas não haja dúvida de que a sobreposição de acontecimentos tem o quê de simbólico. Alguns dos pesadelos dos anos oitenta acabaram esta semana. Duvida-se é que os actuais sejam melhores. E as previsões para o futuro político do País Vasco já começaram, com as habituais interrogações sobre se este gesto fortalecera ou enfraquecerá o nacionalismo da zona.

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