quinta-feira, maio 03, 2012

O regresso da Sétima Legião (no Porto)


Emotivo regresso da Sétima Legião aos grandes palcos, na Casa da Música, no Domingo. É verdade que os seus elementos ocasionalmente dão uns concertos para os amigos no Frágil, no Bairro Alto, mas aí não se pode falar propriamente em "palcos". Com o pretexto dos trinta anos para voltar à "estrada", desejo há muito alimentado por Rodrigo Leão (o membro da banda que mais sucesso obteve fora dela, a solo ou nos Madredeus), o grupo pop-rock-folk-mistico-nacionalista que tanta sensação causou nos anos oitenta/noventa levou uma data de gente, onde se inclui o autor destas linhas, a recebê-los na cidade onde, segundo reza a lenda, ouviram os primeiros aplausos de carreira, muito embora sejam lisboetas até à medula. Passaram hinos como Noutro Lugar, Sete Mares, Por Quem não Esqueci, e lá mais para o fim, a primeva Glória, escrita por Miguel Esteves Cardoso, quanto o autor das letras ainda não era o actual chefe de gabinete de Passos Coelho. O público pouco se aguentou nas cadeiras almofadadas e aplaudiu longamente, de tal forma que obrigou a banda a um segundo encore, com direito a repetição de algumas músicas, que fechou da melhor forma um concerto que começou algo tímido mas cujo tom aumentou a pouco e pouco. 

Pedro Oliveira mantém a sua voz  grave (melhor ao vivo do que pensava), Paulo Abelho continua a saltitar pelo palco com instrumentos de percussão, Rodrigo Leão é canhoto e Francisco Ribeiro de Menezes toca umas teclas, e os músicos por vezes trocavam instrumentos entre si. O ecletismo dos sons, uma das imagens de marca da Sétima Legião, mostrou-se de forma vincada, com a entrada de um grupo de gaiteiros e de bombos, juntando-se às guitarras eléctricas, bateria, sintetizadores, outros gaitas de foles, acordeões e adufes. Faltaram as versões de músicas de Zeca Afonso, que teriam ligado bem com tais instrumentos, e também as amostras da fase "electrónica" do grupo, presente no último disco de originais. Seriam mais umas cerejas no topo, mas o bolo já estava bem assim. O grupo estava realmente animado, talvez por contágio do público que o obrigou a regressar ao palco. Parece que já anunciaram novo regresso ao Porto, lá para o fim do ano, significando que a coisa pegou mesmo. Mas a Casa da Música, muito embora não seja talhada para concertos mais "mexidos", proporcionou as condições acústicas ideais para se desfrutar de toda a panóplia sónica dos "sete rapazes da Avenida de Roma", como lhes chamava Rui Reininho (eu contei nove). A volta da Sétima Legião aos grandes palcos nacionais é das boas notícias musicais do ano.



                      
                          (Foto retirada do Facebook, os autores que me desculpem)

Um comentário:

Anônimo disse...

O concerto da Sétima Legião foi tudo isso e muito mais (já não era sem tempo)