terça-feira, janeiro 27, 2015

Tempos interessantes esperam a Grécia




A vitória do Syriza na Grécia, no limiar da maioria absoluta, terá as suas virtudes, mas para quem como eu não se revê minimamente naquele partido que agrupa diversas formações de esquerda radical, a menor de todas não será o fim do domínio da política grega pelos clãs familiares que há décadas fazem dela a sua propriedade - os Papandreou, Karamanlis, Mitsotakis, etc. Ou talvez não, porque estas famílias já existiam antes da junta dos coronéis e renasceram com o regresso da democracia.
Outras vantagens: Tsipras e o seu Syriza terão oportunidade de demonstrar que há alternativas para além das políticas actuais, o que levará forçosamente a algumas mudanças de rumo. Ou então mostram que não passam de meros populistas e o Syriza será a vacina contra as formações populistas que ganharam novas esperanças com este resultado. Seja como for, o futuro da Grécia é perfeitamente imprevisível. E não se pode deixar de reparar na rapidez com o novo governo se formou e tomou pose, ainda que se estranhe a aliança com um partido de direita (embora Tsipras nem pudesse colocar gravata ao menos na cerimónia de empossamento. Nem imagino o que dirá João Carlos Espada).

Entretanto, a derrotada Nova Democracia teve um apesar de tudo honroso resultado de perto de 30%, ainda que muito longe dos que alcançava antigamente, mesmo na oposição. O PASOK o outro grande partido grego, ficou-se por uns irrisórios números abaixo de 5%. E Papandreou, com o seu novo partido da mesma área, nem conseguiu votos para ser eleito deputado.
Entretanto, os neonazis do Aurora Dourada, mesmo com o líder preso, ficou em terceiro, e os neoestalinistas do KKE aguentaram-se acima do PASOK. Tanto externa como internamente, a vida política na Grécia a médio prazo promete ser interessante. Espera-se que os gregos não sofram mais à conta disso.

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